Ao Passo da Largada

Minha caminhada toda deselegante
é marcada pela fina linha que me prende à penosos momentos
e pelo abismo cerúleo arrogante
que enturva meu futuro tão sangrento.

Se estou indo para o lado errado, quero mais manter-me consciente,
traçando passos infinitos pelas pontes transparentes
da incerteza e das dúvidas tão, tão intermitentes
que ecoam e destoam meu destino.

Na passada melancólica que me ebule,
transponho as montanhas destes picos invisíveis.
No medo, não há futuro que eu confabule
sem morrer entre o vazio dos meus dotes intangíveis.

Não sou obrigado a ficar neste plano físico.
Sou escravo de um destino, predestino infalível;
camada após camada de raciocínios metafísicos
nos cortes do meu corpo tão tangível.

Eu vou ao passo da largada
em busca de um mundo em que eu não exista.
Vou, passo a passo, na alvorada,
ao distante devaneio em minha vista.

Ao passo da largada,
viajo, transponho, sonho e morro
com minha memória que jamais será lapidada.
Deitado, ao eterno sonho grito socorro.

Daqui ao passo da minha existência infeliz,
nascem e morrem esperanças no jardim;
cravado coração na flor-de-lis;
ao passo da largada do meu fim.