Maria seguia
destinos sem guia.
Fazia, Maria,
a minha alegria.

Mas nos olhos de Sara
o mundo se acalma —
e o nome de Maria
se esconde na alma.

E não há mais Maria
no sopro de vida,
no canto da sina,
nos becos de dia.

Mas há, como sombra,
na curva mais rara,
um traço de luz:
o nome era Sara.

Vento tão frio que se chama Maria,
ondas de amor onde quer que ela ia.
Mas só eu compreendo, no mar que a levava,
que o nome que ardia por dentro — era Sara.

Maria que dorme
no cantinho de plumas,
na parte escura
do meu coração.

Mas é Sara quem sonha
na dobra do mundo,
silêncio profundo,
minha devoção.

São muitas Marias,
de risos e vindas,
de quedas e rezas,
de faces distintas.

Mas a que não se mostra,
a que não se separa,
a que o tempo disfarça —
essa é Sara.

Santas Marias;
flores em prece;
versos antigos
que o tempo esquece.

Mas entre todas
de fé e memória,
nenhuma se eleva
à Sara em glória.

Maria é o canto
de toda oração.
Mas Sara é o nome
no meu coração.