Nem Sempre

Às vezes escrevo sobre amor,
nem sempre.
Às vezes escrevo sobre borboletas,
nem sempre.

Às vezes uma dor me invade o peito,
e a ideia de que um dia amei
me faz vomitar,
nem sempre.

Às vezes choro a noite toda,
às vezes dou risada e amo a vida,
nem sempre.

Às vezes converso com Deus,
às vezes xingo o céu inteiro,
nem sempre.

Às vezes acredito em recomeços,
às vezes sou só cansaço vestido de esperança,
nem sempre.

Às vezes o rebolado da morena me encanta,
às vezes é a voz, às vezes é a história,
nem sempre.

Às vezes o espelho diz que sou horrível,
às vezes o espelho não reflete nada,
nem sempre.

Às vezes me concebo em sonhos gênio,
às vezes não construo nem um pensamento,
nem sempre.

Às vezes a vida faz sentido,
às vezes nem o choro tem motivo,
nem sempre.

Às vezes penso que deixarei um legado,
às vezes temo ser só mais um nome apagado,
nem sempre.

Às vezes a manhã me beija suave,
às vezes ela me cospe com nojo,
nem sempre.

Às vezes morro de saudades de ti,
às vezes me dá vontade de correr atrás de ti,
nem sempre.

Às vezes em Deus me encanta a fé,
às vezes me assusta o silêncio que Ele faz,
nem sempre.

Às vezes sou todo calma e maré,
às vezes só tormenta que desfaz,
nem sempre.

Às vezes meu lamento me guia a palavra,
às vezes a vida só se arrasta,
nem sempre.

Às vezes penso em morrer,
às vezes penso mais ainda em morrer,
nem sempre.

– Créditos da imagem: “Marta - O meu Canto”