Sabe-se se Sara
some?
Se sofre? Se silencia?
Se suspira saudades sob solstícios
sem sombra sequer?
Sussurros se sucedem:
Sara sofreu, sumiu, salvou-se —
sem sangrar sequer.
Sede, sim.
Seu suor, seu sal,
seus sinais, seu sorriso
sempre surgem
sem serem chamados.
Sabe-se, sim —
Sara sobrevive
sem sonhos, súplicas,
sem sustos sequer.
Só sei
ser sombra
sob seu
silêncio
solene.
Sem sol, solidez,
sentido, sou só sopro,
sua sucata sentimental
sem substância.
Sara,
se sabes,
se sentes,
se sobras,
saibas:
sou segredo
selado
sob sete selos
sentimentais.
Sofro
sem saber
se sou saudade, sobra,
sarjeta sem saída.
Sabe-se se Sara sabe
ser sentimental
sem ser salva,
se satura, sufoca, sangra?
Sabe-se se Sara
sabe?
Sabe-se se Sara
soube?
Sabe-se se Sara
sofre?
Sabe-se se Sara
sente?
Sabe-se se Sara
salvou-se
sozinha?
Sabe-se, sim —
Sara
segue.
Sã.
Serena.
Sem saudade.
Só sobra,
sem surto, som, Sul —
ser seco sentado
sob surdos sentimentos,
sofrendo sem saber
se sara.
– Candido Portinari, 1956. Menina com Tranças.